(O que podemos aprender com Harry Potter e Lord Voldemort sobre a CURA da ANSIEDADE)

O que você fez pra melhorar sua ansiedade HOJE?

Estou falando aqui de uma ansiedade que prejudica a vida.

Pra você que acha que estou falando de: Ah! Estou ansiosa porque tenho uma festa pra ir ou… Amanhã tenho uma entrevista de emprego, ou até… Fico ansiosa por ter que falar em público. Você não sabe o que é ansiedade. Fica fácil compreender por que às vezes dá conselhos do tipo: Ahn relaxa! Você é muito estressado…

01) Ok. Deixa te apresentar do que estou falando.

De repente, você se vê com medo de tudo e todos. É um medo que parece que o mundo está acabando e você está se equilibrando apenas em cima do tijolo que restou. Seu coração bate mais forte que uma escola de samba. A preocupação te deixa exausto com os vários cenários que se passam na cabeça daquilo que pode dar errado. Parece que você arrasta uma bola de cristal que pesa uma tonelada de coisas que provavelmente nunca vão acontecer. Você passa a consultar o google pra todas as possíveis doenças. E o pior: você sofre pelos diagnósticos que o google te dá e faz até planos pro seu funeral. Coisas de uma pessoa pirada? Não! Essa é a rotina de uma pessoa normal com ansiedade crônica.
Eu sou ansiosa crônica. Já fiquei incapacitada por isso… O que é assunto pra outro texto. O que eu fiz pra melhorar?

02) Um tratamento que teve princípio, meio e fim. Fim? Não nos enganemos.

Não existe fim pra quem é ansioso. É aí que a coisa pega. É sobre isso que quero falar aqui. Nosso protocolo de tratamento é para sempre. Pensa num casamento feliz. E foram felizes para sempre. Pois é. Eu e a ansiedade somos assim. Aprendi a caminhar com ela. Minha marida.

03) Não tem fim mas teve princípio

 

Voltando no tempo… Em 2012 tive síndrome do pânico. Naquela época não compreendi direito, mas me marcaram muito as palavras de um médico- acupunturista que comecei a frequentar como parte do meu arsenal anti-pânico:

Preferia que tivessem aberto o seu peito pra operar seu coração do que ter “isso”.

Quando ele disse “isso” me senti dentro de um filme de Harry Potter em que não se pode falar o nome do vilão Lord Voldemort, então dizem: “aquele que não mencionamos”. Lembra?

Foi aí que a ficha caiu.

04) O meu cérebro também fazia parte do meu corpo

E é aí que entra o não fazer.

Naquele momento eu precisava abrir mão do controle. Da necessidade de “dar conta”. Pela primeira vez na vida tive que deixar de me fazer de “durona”.
Existe uma ilusão de controle com relação ao cérebro em comparação com outros órgãos do corpo. A crença é que o cérebro é separado do corpo. Ser submisso ao seu cérebro é feio.
Eu tomaria remédios para pressão sem problema, mas a verdade é que me sentia culpada quando entrava numa farmácia pra comprar rivotril.

Mas o princípio foi assim.

05) Recuperando o controle? Talvez…

 

Como no Harry Potter fiz amigos, tive a sorte de conhecer “bruxos” poderosos para me ajudarem contra “isso”: psiquiatras, terapeutas. Minha biblioteca cresceu. Eu estava no controle da situação. Senti que havia exilado o vilão Lord Voldemort para sempre.

Novamente meu cérebro estava nas minhas mãos.

Finalizei a terapia cognitivo-comportamental e não precisava mais de remédios. Estava curada. Fui tocar minha vida. Programei o fechamento da minha empresa. Encontrei meu marido. Virei cientista. Finalmente podia esquecer que alguma vez na vida fui ansiosa. Seria feliz para sempre!

06) É aí que mora o erro

Essa história do último parágrafo seria linda, mas a verdade é que não é bem assim que funciona.

“Isso” tinha estado comigo desde que me entendo por gente. Como poderia estar curada de quem sou? A ansiedade não apareceu em mim da noite pro dia. Só que antes eu não conseguia nomear. Não existia um “diagnóstico”. Mas estava lá. Escondido. Quando ia pra aula e tinha medo do ônibus capotar, quando tinha dor de barriga antes da prova de matemática e ficava tonta achando que ia desmaiar. Era “isso”.
Às vezes sentia mais. Às vezes sentia menos. A presença “disso”.

A ansiedade é como o poderoso Lord Voldemort. Ela sempre volta. Em níveis diferentes: às vezes mais fraca, às vezes mais forte. Mas volta.

Quando a doença é “isso” a cura é diária. Porque se novamente esquecermos e ficar escondido, chega uma hora que o monstro ataca novamente. É preciso tomar consciência de que ele ainda está lá. Nosso amigo Harry já sabia disso.

É preciso estar preparado pra quando ela chegar.

07) Mas como estar preparado?

Muito simples.

Aceitando que às vezes precisamos fazer ou não fazer o que for preciso. A cura passa por aí. Não existe fórmula mágica.

Às vezes vamos ter que abrir mão do controle e aceitar uma medicação pra nos ajudar – e tudo bem.
De repente, começaremos a nos sentir mais confiantes de novo, exercitando formas de trabalhar nossas emoções sem medicação – e tudo bem também.
Ou então pode ser que seja tudo junto ou que tudo mude ao longo do tempo.

A magia acontece em conseguir perceber e aceitar o que virá. Em estarmos atentos para fazer ou não fazer ou que for preciso.


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